terça-feira, outubro 31, 2006
Fado Alexandrino
Se neste mundo o amor fosse paixão justa
bem repartida entre quem ama e é amado
ninguém faria tanta coisa que me assusta
ninguém cantava letras como a deste fado
Se para os homens o amor fosse coisa boa
que só lhes desse algum prazer e alegria
ninguém que muito amasse alguém andava à toa
e um coração apaixonado não doía
Se nesta vida o amor fosse um sentimento
que desse mais que a cada noite uma ilusão
nenhum amante lançaria assim ao vento
tantas mentiras e promessas sem razão
Se cada amor fosse maior do que um desejo,
do que esta febre que afinal não vale nada,
talvez o fogo que se acende em cada beijo
ainda brilhasse para lá da madrugada
Fernando Pinto do Amaral
segunda-feira, outubro 30, 2006
Domingo Sem Deus na Terra da Solidão
Todo o dia e sem parar, ele ouvia uma mesma voz:
«Foge para o mar! Aqui estão todos sós!»
Quando a peste da solidão se abateu sobre o seu olhar, recusou e disse que não: que era o medo de amar.
E fugiu, voltou para casa sem um pio, sem um som, engoliu a madrugada e dormiu, e sonhou, já o dia gritava:
«Vem, vem! E gasta essa esperança, seu filho da mãe! Esquece essa coisa do mal e do bem! E gasta-te todo e a tudo o que tens!»
E acordou, acordou sem cedo ou tarde: murmurou, tropeçou, pela casa, pelo carro, e avançou pelo cais, já as águas chamavam:
«Vem, vem! E gasta essa esperança, seu filho da mãe! Esquece essa coisa do mal e do bem! E gasta-te todo e a tudo o que tens!»
J. P. Simões
«Foge para o mar! Aqui estão todos sós!»
Quando a peste da solidão se abateu sobre o seu olhar, recusou e disse que não: que era o medo de amar.
E fugiu, voltou para casa sem um pio, sem um som, engoliu a madrugada e dormiu, e sonhou, já o dia gritava:
«Vem, vem! E gasta essa esperança, seu filho da mãe! Esquece essa coisa do mal e do bem! E gasta-te todo e a tudo o que tens!»
E acordou, acordou sem cedo ou tarde: murmurou, tropeçou, pela casa, pelo carro, e avançou pelo cais, já as águas chamavam:
«Vem, vem! E gasta essa esperança, seu filho da mãe! Esquece essa coisa do mal e do bem! E gasta-te todo e a tudo o que tens!»
J. P. Simões
sábado, outubro 28, 2006
Cantiga de Amor
Tão cedo esquece a pele a mão que a despe
tão cedo sara o coração a ferida
por onde se esvaía inteira a vida
tão cedo desacende o amor o tempo
A alegria é uma nuvem lida
no azul da memória quando cessa
do corpo redentor a promessa e nenhuma
praia já queima o fogo do sorriso
Alegre pele que faltas no meu dia
sorriso que meu rosto já não vês
curado coração do amor, abrigue-me
vosso tempo de novo, a que pertenço
Gastão Cruz
tão cedo sara o coração a ferida
por onde se esvaía inteira a vida
tão cedo desacende o amor o tempo
A alegria é uma nuvem lida
no azul da memória quando cessa
do corpo redentor a promessa e nenhuma
praia já queima o fogo do sorriso
Alegre pele que faltas no meu dia
sorriso que meu rosto já não vês
curado coração do amor, abrigue-me
vosso tempo de novo, a que pertenço
Gastão Cruz
quarta-feira, outubro 25, 2006
sexta-feira, outubro 20, 2006
Acção
(...)A acção traz-nos consolo, é inimiga das lúgubres meditações e
amiga das ilusões lisonjeiras. Só pela acção nos podemos sentir
senhores do Destino.(...)
Joseph Conrad
sexta-feira, outubro 13, 2006
quinta-feira, outubro 12, 2006
Fado da Memória
Não sei voltar ao passado
onde mora a nossa vida
vejo-te sempre ao meu lado
e não encontro saída
Cai a noite como dantes
mas qualquer coisa morreu
Porque estamos tão distantes
Quem és tu? E quem sou eu?
Já nem nos versos consigo
encontrar consolação
Nas palavras que te digo
ardeu o meu coração
Só queria ficar atento
ao que a lua ainda me diz
Queria ouvir a voz do vento
e aprender a ser feliz
Vaguear na noite escura
fingir que ainda estás aqui,
ir outra vez à procura
do que resta de ti
Fernando Pinto do Amaral
onde mora a nossa vida
vejo-te sempre ao meu lado
e não encontro saída
Cai a noite como dantes
mas qualquer coisa morreu
Porque estamos tão distantes
Quem és tu? E quem sou eu?
Já nem nos versos consigo
encontrar consolação
Nas palavras que te digo
ardeu o meu coração
Só queria ficar atento
ao que a lua ainda me diz
Queria ouvir a voz do vento
e aprender a ser feliz
Vaguear na noite escura
fingir que ainda estás aqui,
ir outra vez à procura
do que resta de ti
Fernando Pinto do Amaral
quarta-feira, outubro 11, 2006
O Nada
(...)
E Helena dizia no seu silêncio mais profundo: o amor é o desejo de fundir dois olhares.
Acredite-se ou não, é essa a verdade.
É esse o nada que tudo explica, porque é do nada que sai o movimento, a água mais simples, ou a pura invenção que um nome respira a sós.
(...)
Luís Carmelo
E Helena dizia no seu silêncio mais profundo: o amor é o desejo de fundir dois olhares.
Acredite-se ou não, é essa a verdade.
É esse o nada que tudo explica, porque é do nada que sai o movimento, a água mais simples, ou a pura invenção que um nome respira a sós.
(...)
Luís Carmelo
domingo, outubro 08, 2006
quinta-feira, outubro 05, 2006
Dança de aves
É sempre à água dos teus olhos que os pássaros
vêm beber: por eles sabem as horas e as tempestades,
marés e estações do ano. Aí se cruzam,
ei-los, os pássaros (ás vezes apenas aves perdidas),
espalham gotas de orvalho quando poisam,
entram nas pupilas quase dançando.
É sempre à água que mora nos olhos
que os pássaros regressarão depois do Inverno
virão as tempestades de branco e infinito,
nomes estranhos, ancoradouros dispersos,
a eles voltará o mundo e o trevo de quatro folhas,
a música e quase uma casa, agora branca.
Francisco José Viegas
segunda-feira, outubro 02, 2006
Raizes na Terra
(...)
Eu tenho e não tenho
Ando assim, que sorte
Ando em meias tintas
Nem fraco nem forte
Eu tenho e não tenho
Não é que me importe
Ninguém me confunde
Nem a própria morte
Ando ao que vier
Ao azar da sorte
Nem cá nem lá
Nem fraco nem forte
(...)
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