sábado, outubro 28, 2006

Cantiga de Amor

Tão cedo esquece a pele a mão que a despe
tão cedo sara o coração a ferida
por onde se esvaía inteira a vida
tão cedo desacende o amor o tempo

A alegria é uma nuvem lida
no azul da memória quando cessa
do corpo redentor a promessa e nenhuma
praia já queima o fogo do sorriso

Alegre pele que faltas no meu dia
sorriso que meu rosto já não vês
curado coração do amor, abrigue-me
vosso tempo de novo, a que pertenço

Gastão Cruz

3 comentários:

Anónimo disse...

Ainda bem que já não vivemos no tempo das Cantigas de Amor, quando o Trovador tinha de dominar o seu Amor e considerar a mulher como uma deusa inacessível.

O que é estranho, é que no mundo de hoje, apesar do contacto tão facilitado, as relações amorosas sejam (por vezes) tão efémeras e rudimentares.

Moisés Gaudêncio disse...

Sinal dos tempos. A efemeridade está em alta.

Anónimo disse...

Assusta-me um futuro em que as pessoas não se amem.

A grande dificuldade no amor é a simultaneidade...

Seguirei sorrindo com os que me esperam neste desencontro que é a vida...

Às vezes um pequena luz torna tudo tão claro...

Conclusões de fim de semana...