É sempre à água dos teus olhos que os pássaros
vêm beber: por eles sabem as horas e as tempestades,
marés e estações do ano. Aí se cruzam,
ei-los, os pássaros (ás vezes apenas aves perdidas),
espalham gotas de orvalho quando poisam,
entram nas pupilas quase dançando.
É sempre à água que mora nos olhos
que os pássaros regressarão depois do Inverno
virão as tempestades de branco e infinito,
nomes estranhos, ancoradouros dispersos,
a eles voltará o mundo e o trevo de quatro folhas,
a música e quase uma casa, agora branca.
Francisco José Viegas
2 comentários:
Amor...bem(mal)dito amor que faz o mundo girar...é o que nos inspira e é o que nos destroi. Irónico é que as cançoes mais bonitas e os poemas mais sentidos derivem da angustia de sermos mal amados.
É irónico sim... será porque nessas alturas se misturam em turbilhão sentimentos e sensações muito poderosos... perda, abandono, impotência, solidão, revolta, raiva, remorso...
quando amamos não há mais nada...
de qualquer modo os poetas são todos gajos melancólicos!
Enviar um comentário