sábado, abril 14, 2007

A ninguém senão ao mar...

A ninguém senão ao mar nas suas longas marés
entregues essa árvore verde e azul que mora
no silêncio do coração e sobreviveu às tempestades.

É maior o silêncio do que o deserto, e mais vazio
do que o nome que subiu aos lábios. A ninguém
senão ao mar, por entre ilhas e continentes submersos
e antigos, devolvas as cartas de marear ou esse limite

dos horizontes antes da noite, porque nada mais
do que um silêncio há-de ficar, para chorar, nada mais
do que um acordar, e adormecer, nada mais do que essa
árvore que habitava o peito, como só o mar pode habitar.

Francisco José Viegas

Sem comentários: