Disse ao meu coração: Olha por quantos
Caminhos vãos andámos! Considera
Agora, d'esta altura fria e austera,
Os ermos que regaram nossos prantos...
Pó e cinzas, onde houve flor e encantos!
E noite, onde foi luz de primavera!
Olha a teus pés o mundo e desespera
Semeador de sombras e quebrantos!--
Porém o coração, feito valente
Na escola da tortura repetida,
E no uso do penar tornado crente,
Respondeu: D'esta altura vejo o Amor!
Viver não foi em vão, se é isto a vida,
Nem foi de mais o desengano e a dor.
Antero de Quental
3 comentários:
nunca é demais o engano, a dor, o sofrimento e tudo o mais que a vida nos traz. aprender com o que a vida nos dá, será esse o sentido da vida? (além de ser nome de filme dos monthy pyton...)
Este poema fez-me lembrar o vôo da águia. É uma metáfora, uma vez que águias são animais solitários e não poderiam sobreviver sozinhos.
Um poema, três leituras... diferentes as cordas que a poesia toca dentro de cada um...
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