segunda-feira, abril 30, 2007

Coração Valente

(Quadro de Paul Klee)

Disse ao meu coração: Olha por quantos
Caminhos vãos andámos! Considera
Agora, d'esta altura fria e austera,
Os ermos que regaram nossos prantos...

Pó e cinzas, onde houve flor e encantos!
E noite, onde foi luz de primavera!
Olha a teus pés o mundo e desespera
Semeador de sombras e quebrantos!--

Porém o coração, feito valente
Na escola da tortura repetida,
E no uso do penar tornado crente,

Respondeu: D'esta altura vejo o Amor!
Viver não foi em vão, se é isto a vida,
Nem foi de mais o desengano e a dor.

Antero de Quental

3 comentários:

Anónimo disse...

nunca é demais o engano, a dor, o sofrimento e tudo o mais que a vida nos traz. aprender com o que a vida nos dá, será esse o sentido da vida? (além de ser nome de filme dos monthy pyton...)

Anónimo disse...

Este poema fez-me lembrar o vôo da águia. É uma metáfora, uma vez que águias são animais solitários e não poderiam sobreviver sozinhos.

Moisés Gaudêncio disse...

Um poema, três leituras... diferentes as cordas que a poesia toca dentro de cada um...