quinta-feira, janeiro 04, 2007

Que desaparecido fulgor...?

Que desaparecido fulgor regressa a estes olhos,
a esta casa?

Estás sentado, chove em todos os pátios.
Em ti nasce o orvalho, nas salas o bolor instala-se.
Lentos são os cabelos, tristes pelo tempo fora.
Nada floresce nas sombras da idade.

Se ao menos,
se ao menos junto às serras uivasse o lobo e com
a neve descesse e o medo descendo.

Estás sentado
onde as muralhas se desalinham no teu sentir.
Sentes cada minuto que cresce por dentro dos temporais,
mergulhas o ouvido na reentrância das nascentes.
Pouca água cantará o teu sonho de agosto.

Se ela te visse...

(...)

José Agostinho Baptista

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