sexta-feira, novembro 10, 2006
De Repente
Soneto de separação
De repente do riso fez-se pranto
Silencioso e branco como a bruma
E das bocas unidas fez-se espuma
E das mãos espalmadas fez-se o espanto.
De repente da calma fez-se o vento
Que dos olhos desfez a última chama
E da paixão fez-se o pressentimento
E do momento fez-se o drama.
De repente, não mais que de repente
Fez-se de triste o que se fez amante
E de sózinho o que se fez contente.
Fez-se do amigo próximo o distante
Fez-se da vida uma aventura errante
De repente, não mais que de repente.
Vinícius de Moraes
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