Sofrer é outro nome
do acto de viver.
Não há literatura
que dome a onça escura.
Amar, nome-programa
de muito procurar.
Mas quem afirma que eu
sei o reflexo meu?
Rir, astúcia do rosto
na ameaça do sentir.
Jamais se soube ao certo
o que oculta um deserto.
Esquecer, outro nome
do ofício de perder.
Uma inútil lanterna
jaz em cada caverna.
Verbos outros imperam
em momentos acerbos.
Mas para que nomeá-los,
imperfeitos gargalos.
Carlos Drummond de Andrade
quinta-feira, março 01, 2007
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1 comentário:
"Esquecer, outro nome
do ofício de perder."
Que terrível e que belo. Não conhecia. Boas descobertas por aqui. Um abraço.
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