Será que já não se sabe nada,
que não nos lembramos de nada,
que as estátuas já são de cimento?
Mas as pedras e a luz vivas são,
e esta gente com nome, nome dará
ao deserto do esquecimento.
Porque alguém ainda vai querer lembrar
que esta terra quase seca, magoada
tem novas histórias para contar.
Céu da gente ou quem és tu
dá-me a força do mar
Que as vagas vá espraiar
à terra muda que espera.
Céu da gente ou quem és tu
deixa-me ir beijar a terra
Que ao passar a barra maior
o mar tem jeitos de amor.
Será que se os meus cabelos soltar
entrançados vão ficar
no passado, que é a raiz?
Mas as tranças lianas são
baloiçando, ai no meu coração
a lembrar o que sempre quiz:
Aprender de novo que povo é este
que fez, que quase partiu, refaz talvez,
ai este raio, raio de país.
Anamar (1987)
Sem comentários:
Enviar um comentário